Curso Pequeno
Não consigo pensar sem traçar paralelos com o passado. A experiência humana ataca novamente. Ultimamente tenho tentando lembrar momentos que eu encontrei uma perspectiva mais positiva pra uma situação que talvez não fosse ideal, me vem a cabeça a época de cursinho, é difícil lembrar daquele tempo, aos finais de semana eu enchia a cara e nos meio de semana eu tentava não pensar muito sobre a vida, mas acho que é difícil lembrar porque eu me sentia muito mal o tempo inteiro, sim, eu sei, até agora só surpresas, mas é, mal o tempo inteiro, as memorias desse tempo são meio nubladas, mas sei lá, enquanto eu estava me sentindo podre eu me convenci de que aquilo fazia parte do que era ter a minha idade e fazer parte de um cursinho, creio não estar tão errado. Bem, não consigo lembrar se tirei algo positivo desse tempo ou não, acho que não, eu gostava das aulas de geografia.
Acho que tô num lugar semelhante àquela época, eu não me sinto tão mal, e ao contrário do que era naquele tempo eu também não estou tão sozinho, também pouco me pergunto sobre os porquês da vida, ainda me pergunto porque sou eu, mas as respostas não ocupam tanto o tempo da minha mente, o que me perturba mais é o quanto a indiferença tem aumentado, não dói mais, mas também não faz muita diferença se dói ou não, se faz bem ou mal, sei lá, escrevendo isso me vem a mente um momento que eu sei a palavra “cinza” pra descrever a vida, talvez tenha sido aqui, acho que cabe pra situação atual também, parece que não, mas é indiferença demais pra discernir.
Tento encontrar um viés positivo pra toda essa indiferença e lembro das personalidades que me atraiam quando eu era mais novo, digo em televisão e todo o resto, o cara quieto no canto da sala, misterioso, com seus cinco mil pensamentos sobre o mundo e teorias sobre a existência, ok, talvez a ultima parte fosse fantasia minha, mas esse tipo, conhece? Pode imaginar como o Timothée Chalamet (Timothy Chialant) também. É, essa fantasia morreu já fazem alguns anos. Morreu porque eu descobri que a vida pode ser mais que isso, mais do que ficar assistindo o tempo passar, porque dar risada é bom e eu gosto de rir, e apesar de eu me achar bem engraçado, a perspectiva do próximo pode ser tão engraçada se não mais que a minha, tem todo um mundo em cada um e quando essa moeda cai meio que não tem volta praquele canto da sala, nem que seja só na fantasia.
Porém, me encontro então muitas vezes quando com o próximo nesse canto de sala, não literalmente, mas na minha cabeça, pensando sobre tudo, menos sobre o que tá acontecendo na minha frente, “assistindo o tempo passar” como eu disse. Me falta, e me sinto um bosta escrevendo isso, mas me falta interesse, tudo parece tão passageiro, outro dia no bar, outra conversa sobre coisa, outra risada sobre nada, acho que é reciproco essa falta de interesse, não consigo culpar o próximo também, deve ser difícil se interessar por alguém que sente tanta indiferença com o mundo. Talvez seja só o mundo acontecendo, não sei dizer e também não tento, não confio em mim quando me sinto tão indiferente, tomar decisões é difícil, é ir no mercado de barriga cheia toda hora.
É, no ensino médio me ensinaram que pra ficar bom de ler eu tenho que concluir de algum jeito, colocar uma resposta pro problema que eu propus ou qualquer que seja a maneira que você aprendeu, vim escrever isso aqui porque talvez na conclusão eu chegue em um lugar diferente do que eu estou agora, aqui vai:
O meu ano vai do jeito que eu planejei, okay, tudo bem, eu não fiz tanto exercício quanto eu gostaria, mas os planos vão bem, tudo dentro do combinado, achei que estava atrasado recentemente pra um desses objetivos e cheguei a conclusão de que eu estava bem adiantado na verdade, a felicidade durou cerca de 0.003s, foi legal, tem outras coisas que deram certo também, mas eu não quero compartilhar, não vejo o porquê, o relógio chega cada vez mais perto da meia noite, acho que deve ser umas 23:50 já, eu não tenho uma solução dessa vez, não tenho um plano, não tenho um método, não tenho uma nova técnica pra não me sentir tão… Não tenho nada hoje, zero cartas na manga e pra ser sincero, também não tenho muita curiosidade sobre o futuro.
Se você chegou até aqui, não se preocupe, eu não tô bem, mas depois de jogar essas palavras fora eu tô melhor.
E vai ficar tudo bem.