FOMO.

Parte de crescer é encontrar um lugar pra você na sociedade, né? Pra ser sincero quando mais novo eu achava que essa transição seria mais fácil, desde pequeno queria ser cientista, meu objeto de estudo era pra ser gente, mas estudar gente é difícil, não de estudar, mas de entender, calhou que provavelmente escolhi seguir a pior carreira possível pra mim, tudo bem, o passado nos ensina bastante.

Durante o ensino médio eu imaginava um futuro que não envolvia psicologia, e ainda assim eu insisti nessa ideia, afinal de contas era algo que estava comigo por tanto tempo que eu tive que tentar, estudar psicologia não significa ser terapeuta, né, também pensei que entender o individuo me ajudaria a produzir a uma arte tão bela, tão fácil de digerir, tão direta que, não sei, não sei quais eram as minha intenções, acho que eu esperava que a experiência de produzir alguma arte que toca o individuo me traria algum tipo de acolhimento? Não sei, achei que seria um conhecimento versátil e construtivo, e meio que é, mas definitivamente não pra mim.

Bem, hoje eu vejo o mundo caminhando, e eu gosto disso, mas eu tenho medo de ser deixado pra trás, “medo de perder uma oportunidade” acho que é uma boa tradução pra “Fear of Missing Out”, e o que mais me pega é que talvez eu tenha jogado 5 anos da minha vida fora, interessante o suficiente só 2 com a faculdade, o resto eu tava achando que ia morrer, então meio que esperei um pouco, alguns deles eu mal consigo lembrar, nem quero pra ser sincero, bagagem emocional já encheu, mas tirando as pessoas que eu conheci, o que eu ganhei com essa experiência?

Acho que perdi o amor pela psicologia.

Creio que conheço meus limites melhor.

Agora que eu vejo o mundo se fazendo na minha frente constantemente, como uma grande mandala de oportunidades, conhecimentos e pessoas, sempre expandindo crescendo, e aqui estive eu, babando, olhando pra essa mandala sem interagir, agora que me sinto em movimento, percebo que talvez eu não tenha as ferramentas pra interagir e talvez, novamente, eu tenha que deixar ao tempo.

Não queria concluir desse jeito, sento pra escrever aqui quando tenho algum pensamento que acho que precisa ser desenvolvido e o processo de escrever as vezes ajuda a ver umas sutilezas que me ajudam a lidar né, com tudo mesmo, me sinto mal quando vejo mais uma vez que vou ter que deixar ao tempo, não da pra fazer nada de um dia pro outro, é tudo parte de um grande projeto de crescimento, aprendizado, meditação, bem, é tudo parte do projeto do meu Eu, você tem um projeto pro seu Eu? Sempre quis saber o quanto as pessoas pensam sobre si mesmas, se é que pensam, ainda mais desse jeito, o que você quer ser quando crescer? Eu ainda não decidi pra ser sincero, e do jeito que tá indo eu acho que nem vou, espero nunca precisar decidir, também espero que nunca chegue o momento que eu pense “cresci” porque daí eu posso morrer já, mas ainda assim, acho que me encontro em uma encruzilhada, onde se eu for aprender tudo que eu quero, eu vou precisar entrar numa caverna por 6 meses e quando eu sair dessa caverna, creio que o mundo vai estar novamente diferente, outra parte da mandala, outros conhecimentos e outras pessoas, pelo menos é a mesma meditação, e tudo que eu aprendi não vai ter valor.

A bagagem emocional correndo atrás de mim, eu fugindo dela e correndo atrás do tempo perdido e a porra do tempo?

Exatamente, perdido.

Eu quero ser útil para aqueles que me cercam, talvez o sentimento de estar “missing out” venha daí, eu não consigo ser útil para as pessoas ao meu redor e sinto que vou perder algumas experiências importantes desse jeito, mas tudo bem, apesar de não querer, faço questão de concluir assim, vou deixar ao tempo novamente, sabe, o tempo não é seu inimigo, nem meu, não é amigo também, eu mal percebo ele, só sei que to sujeito aos efeitos dele no nosso universo, eu queria estar aqui, daqui a 10 anos e 10 anos atrás, mas enquanto os octopods ainda não ensinaram a falar a língua deles, vou esperar e jejuar, só não tenho tempo de meditar porque preciso estudar.