Thundercat, toca um Lauryn Hill aí, peace of mind, por favor.

Gustavo Alves
3 min readJun 6, 2021

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Eu vejo um nadador, a cada braçada uma respirada, e então um mergulho.

V

No fundo dessa piscina de merda eu estava sozinho, pra variar, não da pra respirar o que não é ar, mas na falta de ar respirei merda, provavelmente comi um pouco também, devo ter enchido o pulmão.

Creio que saí de lá, olhei pra trás e talvez algo tenha ficado lá, mas sei lá, será que dói porque você espera que não vá doer?

Sei que é necessário, mas não sei o que é necessário. Acho que nesse ponto eu deveria estar em um lugar melhor, talvez comigo mesmo, talvez com o mundo.

É difícil ver progresso quando a única pessoa que te vê é você. Ninguém gosta de um narcisista, mas pra ser sincero, nunca li o mito de narciso.

Passa, passa, passa, vai passar e já passou. Alguns ciclos parecem que não passam, talvez eu devesse dar passagem, mas nunca dirigi, muito menos prestei atenção no caminho, quilometragem é quase outro idioma, pra onde vai?

Esse ultimo mês foi meu aniversário, eu odeio meu aniversário, eu odeio a solidão que vem associada a essa data, eu odeio que isso me afete, é como se eu não soubesse que internalizar esse tipo de coisa só da merda. Eu isso, eu aquilo, morte isso, morte aquilo, lixo isso, lixo aquilo. I can’t.

Não escrevi porque tive raiva, de mim e de quem não era eu, decidi que era injusto, palavras machucam, mas e aí? Machucam a quem? E como?

Sempre quis mudar pro meio do nada. Você também? Eu gostaria de saber, sempre pensei que muito das soluções aos problemas estão aí, no nada, na ausência, não da pra sentir falta do que você nunca teve, né, mas imagino que se você foge, deve ser de alguém ou do capitalismo, é, do capitalismo, esse é o escape desse parágrafo.

Mas aí mora o problema, você chega na sua cabana no meio do nada, põe a sua mochila no chão, respira fundo e… Agora o que? Liberdade imagino, liberdade do capitalismo? Imagino que sim né. A… Capitalismo, como me consome, gostaria de poder consumir um pouco de ti também, mas não cresci desse jeito, não consigo sair por aí consumindo, parece errado.

As vezes eu gostaria de poder esquecer de mim por um tempo, quando eu era mais novo gostava muito do monólogo interno, por muitas vezes pensei “eu tenho um amigo em mim”, tem verdade nessa frase, creio que tenho um amigo em mim, mas pensa num cara chato, o dia inteiro, bla bla bla, é como se ele fosse ciente da própria existência, o dia inteiro, bla bla bla.

Eu não vou me isolar.

Mas eu tô cansado.

Não sei.

Nos últimos 6 dias pensei no que escrever, a analogia da piscina de merda esteve na minha mente por um tempo, é a vida, de tempos em tempos saio pra respirar, mas no final das contas ainda estou nessa piscina. Vazia a analogia, talvez soe agressiva por conta da linguagem. Desculpa se esse for o caso.

Espero que consiga escrever mais.

Eu sou Ninguém.

De lugar nenhum.

Pro nada.

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